
A rua se mostrou a base de aprendizado para muitos de nós, no meu caso, eu cresci num bairro de campinas onde as ruas ainda não eram asfaltadas. As casas eram todas iguais, e seus moradores eram casais de idosos, cujos filhos, adultos, não moravam mais com eles, e casais com filhos da minha idade.As brincadeiras aconteciam na rua, assim como as conversas, aventuras, amizades, namoros e as brigas. As casas eram apenas para se ir comer e dormir, dormir para acordar cedo e voltar para a rua. Eu morava na rua seis. Onde você morava?
Assim como eu, a rua seis cresceu, ganhou nome de gente grande - Jorge Figueiredo Correia, as chácaras deram lugar a novas casas, condomínios ou edifícios – Lembro quando construíram a sede da CPFL - Cia Paulista de Força e luz. Era o primeiro edifício com mais de um andar,
Mas, como era tradição ou maldição, quando fiquei adulto, deixei de morar com o meu Pai, fui morar numa KITNET, alugada, natural. O prédio era simples sem garagens e os moradores, solteiros ou casais de namorados. Ficava numa praça e tínhamos como vizinhos outros edifícios, diferentes no tamanho, e no tipo de moradores. Apenas famílias, três ou quatro pessoas, com um ou dois carros na garagem. No centro tinha uma Igreja e, ao lado dela, um bar. Sugestivo não?
Com o tempo fui trabalhar em São Paulo e a primeira coisa que chamou a minha atenção eram os edifícios, grandes, arranha-céus, um mix de arquitetura, do histórico, antigo ao moderno, e um mix de frequentadores. Frequentadores, pois agora não eram mais moradores, famílias davam lugar a funcionários, policiais, mendigos entre outros, e tinham bancos, lanchonetes, restaurantes, lojas de roupa, eletro eletrônico, de ferragens e presentes comuns ou informalmente importados. E para atenuar todo essa mistura, no centro havia um mosteiro, o de São Bento. O Pão caseiro era simplesmente divino.
Cada um dos edifícios que conheci trazia uma história de glamour, sucesso, tristeza, tragédia, curiosidade, orgulho, dor, sofrimento, abandono, descaso e solidão. Historia essas que se confundiam com as dos seus freqüentadores. Com o tempo aprendi que as pessoas mudam a medida que mudam de edifício mudam a forma de se vestirem e de se comportarem, ou seja, as pessoas passam a viver o edifício. E ai o sentimento de saudade se junta aos demais.
Uma bruxa me falou que, assim como aconteceu com a casa monstro, algumas pessoas se transformam no próprio edifício. E ai! Já imaginou conhecer uma pessoa - loja de departamentos, cada andar uma especialidade ou surpresa, terceiro andar!! Esporte e laser....segundo andar!! Cama, mesa e banho...show!.
Agora, mesmo que a bruxa esteja certa, tendo a imaginar que o mais importante que o tipo de edificio é saber do que são feitas suas estruturas – moral, ética, crença, etc. Afinal, já vi muito Hyatt ter seu momento de cortiço.
3 comentários:
Bruxa = Dalai Lama? rss
Bruxa = Dalai Lama?
Tem pessoas que são mais "difício" que outras...
Postar um comentário