sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Não mata mais judia......


Como alguns de vocês sabem estou em férias na minha cidade natal, Campo Grande – MS. Cidade morena, das avenidas largas, da terra vermelha, dos tamanduás Bandeiras atropelados nas estradas, das araras azuis, do cerrado, da população simpática composta por Gaúchos, Paraguaios, Índios e representantes de quase todos os estados Brasileiros e do tereré consumido nas esquinas e calçadas, por adultos, velhos e crianças, sem descriminação de sexo ou classe social. Meu filho experimentou e gostou – acho que foi para escapar do calor.

A sensação de “déjà Vu” está em quase tudo, no calor quase insuportável, no reencontro com os amigos e parentes, nas histórias que nos fazem rir ou prestar atenção, mesmo sendo contadas sabe lá por quantas vezes, sem falar na culinária - costela com mandioca, que somada a quantidade de cerveja consumida, Brahma de Agudos.... Natural, causa um efeito sonífero que faz o mais forte dos homens, mesmo os pequenos rosados de Aguai - SP, adormecerem após as refeições - que inicia às 11hs e terminam quando o primeiro joga a toalha, declarando que é hora de ir. Ao final sobram apenas os feridos de barrigas cheias.

Eu estava ansioso em visitar meu tio Noé, irmão de meu Pai, dado a semelhança física entre eles. A primeira vez que o reencontrei, após o falecimento do meu Pai, o chão saiu debaixo dos meus pés e, agora, eu não sabia como me comportaria, sendo que meus filhos estariam comigo. Por isso a ansiedade.

No início me mostrei forte, apertei a mão dele com firmeza como quem busca resgatar alguém de algum lugar perigoso, mas a semelhança entre eles é tamanha que acabou sobrando pra mim.....” esse gordo forte é filho de quem”? Meu irmão teve que intervir apresentando todos nós. Legal, foi o abraço que meu filho – o Almiro Neto deu no Tio Noé, meu filho sempre me surpreende com suas atitudes de carinho e afeto, o Baixinho rosado ficou em silencio.

O sorriso, os trejeitos, a forma de contar as histórias e de tirar “sarro” das situações, tudo me faz lembrar meu Pai, mas o encontro de hoje foi especial, superada a ansiedade lembrei-me de como e quantas vezes meu Pai teve que superar e, como ele quantas vezes eu tive que superar, assim, dei um abraço de despedida, com as saudades de sobrinho, mas, certo e convicto que apesar da semelhança física meu Pai não está lá e sim no meu coração e na minha lembrança. Saudades.

Ah! Meu tio deu alguns conselhos, pra mim falou que estou grande e gordo porque puxei minha mãe, pois Almiro era pequeninho, para eu não me preocupar, para o meu filho....."isso não mata mas judia"......Netinho entendeu, encontramos a pessoa, dona do estabelecimento onde meu tio toma sua cervejinha diária, e aproveitamos para agradecer. Lembrei que meu Pai as vezes perguntava onde nós tínhamos aprendido a beber, afinal ele não bebia, hoje aprendi...foi com o tio Noé, velinho lindo e simpático que ano que vem completará 88 anos. Feliz Natal e um ano novo com muita saúde.

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