Um final de semana especial. Fomos todos ao rancho do meu irmão, um lugar rico em natureza localizado ao pé da serra da Bodoquena, a beira do rio Aquidauana, a 120 km de Campo Grande – MS. A casa é cercada por árvores de várias espécies, entre elas estão as consideradas em extinção, como arueiras, angicos, ipês e os balsiminhos - apesar do nome, acreditem, também é arvore e, as frutíferas como jaqueiras, jabuticabeiras, cajueiros e mangueiras. Natural.....a mãe natureza se encarregou de fazer tudo, assim, a harmonização e o paisagismo ficou por conta da Sirlene, com suas orquídeas, e a decoração, por conta da Gislene, não chega a ser um Chiquinho, mas caprichou nas cortininhas e enfeites distribuídos por todo canto. Que lindo..., deve ser o rancho mais meigo da região.
Ainda em linha com a natureza, estão as cigarras, os grilos e os sapos, cujos cantos formam uma espécie de “sinfônica desarrumada”, onde ficamos com a impressão que cada espécie tem o seu Fred Mercury. No item alegoria estão as imensas borboletas, digo imensas, pois, uma na cor azul Royal, e do tamanho de uma “havaianas” n. 40, passeava entre as árvores enquanto o Chiquinho corria atrás da máquina fotográfica. E para completar o show tinham as araras e tucanos como “back vocal”, que durante o dia faziam vôos rasantes e a noite, davam lugar aos pernilongos. Tudo isso com o Rio Aquidauana como baixista, dando o ritmo a tudo.
Mesmo com toda a confusão musical, ao fundo é possível ouvir o trem que passa duas vezes ao dia, pela manhã e ao final da tarde, levando passageiros aos finais de semana, no trecho entre Campo Grande e Miranda, e levando cargas todos os dias no trecho entre Bauru e Corumbá. Para os mais antigos esse é o mesmo trem que compunha o “trem da morte”, que levava passageiros de Bauru até a Bolívia. Isso me fez lembrar a minha infância, quando nas férias saíamos de Campinas, Eu, meu Pai e meu Irmão mais novo, Luis, para ir visitar nossos primos em Campo Grande. Aquilo sim que eram férias, um dia conversaremos sobre esse isso.
Voltando ao rancho do Gilsão, não tem como deixar de falar do calor. Se intenso em Campo Grande e em Bonito, em Aquidauana ele chega a ser assustador, com as copas das árvores totalmente imóveis, como uma cena de filme de Hitchcock, eliminando qualquer esperança numa brisa fresca. E mesmo com a chuva, que vem todos os dias, o que se tem é uma trégua, que ao final, intensifica ainda mais a que era quente. Acredite, no inverno este mesmo cenário chega a marcar 3° C de temperatura. Tá com friozinho? Tá?!.
Além da abundância da fauna e da flora, existem outros que compõem o cenário. Como uma espécie de paródia aos Severinos e Raimundos do nordeste, em Aquidauana quase todos são Chicão, tem o do açougue o do mercadinho, o poeta que sai gritando “Valquiria” para onde anda, sem falar nos Malaquias, que acho que também é Chico, mais preferiu usar o sobrenome da família para ser diferentes. O certo é todos são como personagens do “alto da compadecida”, folclóricos, trazem consigo uma série de histórias ou lendas transformando-os em Chicó ou João Grilo – “Não sei, só sei que foi assim”.... Otimo!!!
Agora o cenário tinha novos personagens, nós. Chegamos e transformamos o rancho numa espécie de parque de diversões, sendo as crianças os protagonistas principais: meu filho de 15 anos, meu tio de 70, meu irmão de 60 e o Chiquinho de 50. A brincadeira principal era um sacanear o outro e, o Netinho no meio das crianças mais velhas, foi vítima de quase todas as brincadeiras, digo quase todas, pois, muitas sobraram para mim, mesmo estando eu acometido de ingestão excessiva de Brahma de agudos, o que resultou numa espécie de “piriri” mato-grossense. Minha ”prima” que é médica tentou aliviou minha barra culpando a água de Bonito que tem muito calcário, mas pessoalmente não me lembro de ter usado água sequer para escovar os dentes. Ao final o Netinho tava diplomado.....”fala a palavra que eu gosto de ouvir ?”....
Quanto ao título.....a idéia é lembrar que a natureza é bela, mas conviver com ela tem seus “apertos”. Ano que vem tem mais, e dessa vez o Maninho não escapará.
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